sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Polska e Jambo - em algum lugar do verão...



Naturalmente, eu diria naturalmente nos encontramos. Quando me equilibrava cedo, em algum lugar estava a alguma distância e ela mandou-o rapidamente. Quando veio a meu encontro não apenas me surpreendi com o seu olhar, era simplesmente o convite à brincadeira. Continuei o exercício, após ter feito três barras atravessado o baixo, entrado no parque, encantar o pássaro... seguir sua pista. Tinha levantado cedo. Naturalmente, preocupado com as condições em que nosso País se encontra. Ela veio depressa, com passos firmes, mas intensa e suavemente doce. Após nos cumprimentarmos, foi ela em direção às estações primevas e Eu, segui em direção ao circuito, onde naturalmente, gostaria de saber qual o seu nome, cumprimentar Jambo e saber não só que era um animal incrível, mas também que sua voz, não a de seu pet, mas da polonesa, informara-me que ele era extremamente ciumento, assim como Dienne, dez estações mais experiente. Quando ela me disse que ele não a deixava em paz, decidi fazer o que mandava meu coração. Em algum lugar a reencontraria, e tive que lhe explicar que diversos outros já estavam a postos para brincar, mas que ela não poderia deixá-lo solto. Foi então que me lembrei da saleta, do estudo da literatura, lituratèrre. Alguma coisa em sua voz, fez com que não apenas decifrasse sua mensagem, mas que era hora de retornar a tempo. Como cabia a mim, reportei antes de sua chegada, ao oficial da guarda que o poste ainda se encontrara quebrado. Inversamente ao tempo, tinha sido encontrado o garoto, que vagava perdido no bosque. Queimando ardente em seus olhos, a polonesa me dizia que, não só era tão impossível reverter o fato dela ser absolutamente bonita e graciosamente alva, como também que ao voltar para casa a reencontraria sonolenta, no tapete à minha espera. Teria Dienne ciúmes de Jambo? Eu diria não, afirmando ao mesmo tempo que, foi tão importante nosso encontro, quanto assistir duas jovens que se aventuravam sozinhas a caminho da Escola, sem saber sequer ao menos o que a aula de hoje as revelava, cabia a mim não só fazer-lhes a guarda, mas também dizer que o caminho até a praça estava seguro. - Veja, está vendo aquele automóvel, pois bem, a mesma força de seu mecanismo que faz com que seu escapamento empesteie o ambiente, faz com que, não só a guarda, como também a proteção, ajuda e providência cheguem no devido momento. Não se impressionem, é apenas o começo, em algum lugar, um alguém, a Sagração, Le Printèmps. Sorte a minha ter alimentado-a cedo, com o que ela mais gosta. Polksa, assim como Eu, também foi capaz de entender que seu companheiro daria lhe não só trabalho, mas bastante alegria, en-contros, exceto aventuras. Salvar o dia, voltar no tempo certo, com aquele acabado, porém perfeito tênis usado. Repeti comigo: - Obrigado Polska, ternamente agradecido pelo nosso Encontro. Não posso determinar ao certo sua nacionalidade, mas de que importa. Não me esquecerei de ti, quando fitar o céu nublado deste dia. Tanto Ela quanto o Céu guardam a mesma tristeza que nós compartilhamos na nossa prosa de hoje cedo. No último gole de café, Dienne desperta, sem saber ao menos sequer o que aconteceu, do que conversamos, da nossa alegria, da nossa comunicação. Assim terminamos tão rápidos quanto conversamos. Cumprimos o nosso papel. Até mais..

domingo, 20 de novembro de 2011

Palhaçadas à parte...

...uma vegana muito especial veio até aqui para o lanche. Não tínhamos muita coisa.. exceto o bolo da boa sorte. A ferradura que veio dentro, junto com todo o fermento embutido me fez pensar em cozinhar um bolo ao banho de mel.. o bolo divino como aqueles destinados para afrodite..o bolo não solou mas a liga ficou ótima.. desenformar foi difícil.. algo ficou grudado no fundo. Não tem prolema: - a forma não é minha e difícil mesmo foi para esta minha amiga sentir o gosto amargo de mel queimado. O filme onde Danton aparece para zuar o próprio Selton em seu filme rendeu algumas gargalhadas, mas também um pouco de choro.. Há uma semana da prova estou acreditando mesmo na minha capacidade de vencer desafios lógicos. É claro que não irei me desfazer da minha Remington ano sei lá o que: - se eu consegui reaver a máquina de datilografar e um microsystem, significa que a amizade reina daqui p´ra aqui e de lá pra cá.;?
Enfim, dois anos depois retomo o texto.. é a festa Junina na Pça Afonso pena que fez-me pensar que ao som da trilha sonora original do filme "as bruxas de Estwick"... o embaraço de Simone de Beauvoir fez com que Sartre reencontra-se novamente a garota com os cabelos recobertos de calda de cereja, daquelas que são levemente cozidas com açúcar para o deleite das mais gostosas maçãs-do-amor... na volta para casa, ela disse que me achava bonito.. e não quis acreditar que com a minha lerda lordose de sono acumulado poderia fazer com que sua irmã falasse que gostava de nos ver juntos, exceto pelo meu tabagismo, aqui jaz incorporado novamente, na Tijuca, a "Síndrome de Noel"... obrigado caro Barroso, você foi um verdadeiro "amigo-da-onça".

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

a lojinha de exposições

Havia um sujeito que tinha, a muito custo, juntado dinheiro para comprar uma pequena lojinha num lado pobre do centro da cidade. Como grande apreciador das artes plásticas, decidiu que um dia teria um espaço só seu para expor algumas obras de artistas em início de carreira. E assim se deu, mas o espaço que seu salário de funcionário público lhe permitiu alugar era pequeno demais. Decidiu então que isso não seria impedimento para seu sonho se realizar. Passou semanas tentando pensar numa solução, até que finalmente decidiu. Exibiria uma obra por vez, no centro da sala, que era perfeitamente quadrada. Ligou para um amigo seu e pediu emprestada uma de suas esculturas abstratas. Comprou um pedestal de segunda mão e colocou a peça sobre ele, bem no meio da sala. Sentou num canto e ficou olhando fixo para aquilo. Não se sentiu seguro de expor daquele jeito, não sabia se era pela peça ou pelo lugar que ela ocupava, ou mesmo por qualquer outro motivo, simplesmente não achou que estava bom o suficiente. Resolveu experimentar. Saiu e comprou uma peça velha num antiquário próximo. Colocou sobre o pedestal e retomou seu ritual de contemplação, desta vez era o pedestal que não lhe agradava. Saiu novamente para comprar outro tipo, um mais discreto, com perfil mais fino. Montou a coisa no meio da sala e pronto. De novo, não lhe agradou. Achou que pudesse ser efeito da iluminação e em razão disso passou quase um mês experimentando novas lâmpadas e cores da parede. Não era nada daquilo. Resolveu que o problema era a obra, que quando encontrasse a peça certa tudo se encaixaria. Ligou para outro conhecido, colocou sua peça no meio da sala e nada. E a coisa seguiu assim, mês após mês. Enquanto isso, as peças que já haviam sido testadas ficavam largadas nos cantos, já quase não havia espaço para circular. E ele foi cansando. Já abria muito esporadicamente seu espaço para novas experimentações. Ninguém, senão ele, havia pisado lá dentro. Nenhuma obra havia sido exposta. Seu salário ia quase todo para manter aquilo, aquela idéia já começava a perder o sentido. Um dia, ao visitar a loja para recolher as contas que o carteiro jogava por debaixo da porta de ferro, resolveu se sentar, com as costas apoiadas no pedestal que se encontrava já bem empoeirado no centro da sala. Pelas paredes, amontoados de peças de artista conhecidos dele, outro tanto de peças que comprara em brechós e similares. Já quase não se via parede. A porta de vidro que dava pra rua de repente se fechou, empurrada por uma súbita rajada de vento, típica do centro da cidade. O sol que entrava de frente e batia no seu rosto, começou a refletir sua imagem do lado de dentro da porta. Hipnotizado pela imagem de si, contraposta ao muro do outro lado da travessa, com todos aqueles objetos ao seu redor, ele se levantou, tirou a poeira da bunda calça e fez uma faxina geral, tirando o pó de tudo, mas deixando tudo no mesmo lugar. A exposição estava pronta. Finalmente descobrira. O centro da sala não era pra expor, mas pra circular. Enviou os convites para a semana seguinte. Quase ninguém veio, quase ninguém vinha. De tempos em tempos ele se sentava no meio da sala, fechava a porta de vidro e se observava no reflexo que sempre se desenhava do lado de dentro. Seu salário nunca aumentou e a, agora, sala de exposições, nunca mais fechou. Ele também nunca se ressentiu. Assim foi, até o fim de sua vida. Quando ali, naquele mesmo lugar, passou a funcionar uma lojinha de um e noventa e nove.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Som de Poeira

O vento trouxe poeira selando olhos e baixando o escuro. Segui minha distinta cadência caminhando solo. À direita bola bole tão forte que dá vontade de olhar. À esquerda um muro distante cerca de três metros com gritaria de criançada vinda do outro lado encorajando minha brincadeira. As partes por aqui tem o começo de asfalto o meio de paralelepípedo o fim de terra e são pouco conhecidas. Chinelos de couro e de borracha salto alto tênis e pé puro ao meu redor impõe rubatos e prestíssimos. Uma bicicleta que desceu em disparada grita lá embaixo. Um carro estacionando e uma rapasiada queimando um mais na frente improvisam. Alguém que não identifico me dá bom dia num tom misto de estranhesa preocupação e curiosidade. Uma meia dúzia de folhas tagarelas rastejantes alçam vôo e pousam sobre meus ombros e cabeça. E tome marteladas e lixa comendo solta mais adiante na casa do papagaio que está em silêncio esperando minha pergunta. Mudei a frase, ele calado. Repeti a nova frese e ele balançou oriçado. Mandei de novo o desafio e ele acertou a primeira nota. Uma topada leve e recebo apoio da mão quente seca trêmula cheirando cana. Abraçei e agradeci. Distante do louro continuo a tenteção e ele acerta quase tudo. A brincadeira tá esquentando. A mão trêmula desenrola sobre o jogo de ontem enquanto cumprimenta a vizinhança os animais e a vegetação. Parei no sol. No stereo tem água doce e salgada. Se abrir os olhos agora vou perder todo esse prazer de combinar realidade com invenção.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Cartas ao mundo - Final

          A grande questão colocada por Sartre no cenário de “Os Dados”, para mim e que se encontra com a relação à distância de Simone com Algren é esta: somente pela existência que podemos verificar a possibilidade da realização concreta e efetiva de um amor.
Mas não era isso que defendia a comentarista; Marina Colassanti dizia que naquelas cartas, éramos então testemunhas de uma outra Simone: carinhosa, meiga e apaixonada, diferente da imagem austera, séria, sempre de tailler e cabelos presos como costumava ser vista em público.  E que pelas expressões de amor que utilizava nas cartas, revelava quem era seu verdadeiro amor: Algren.
No entanto, o que pesava mais na vida de Simone era Sartre e tudo que essa relação entre os dois envolvia: os hábitos e costumes de sua pátria – a França, o círculo intelectual, a militância política em prol da emancipação feminina... enfim, refletindo todas essas coisas, acabei chegando à essa conclusão, que passou pelo exame da minha própria vida, pois eu alimentei grandes paixões que se sustentaram pela impossibilidade de concretização, mas os amores que vivi foi que me ensinaram o que é um relacionamento.  As suspeitas de Simone estavam certas, pois a relação com Algren não resistiu, por inúmeros fatores que o exame de suas correspondências podem revelar.  As cartas de Algren para Simone estão, segundo informações, num Museu ou Biblioteca nos E.U.A, protegidos pelos agentes do escritor, podendo ser apenas consultadas.
No final das contas, fico achando que Simone amou Sartre porque de fato viveu ao seu lado, relacionamento este que não se resumia ao amor romântico e idealizado do “além”, mas ao amor possível dentro de um mundo possível, de acordo com a idéia de “Os Dados”.
            Bom, o que era pra ser uma mensagem acabou virando uma carta.  Mas eu queria dividir com vocês essa minha “viagem” que aconteceu por acaso..


Conclusão


Creio que o amor possível é o amor que escolhemos, que decidimos tê-lo no nosso viver cotidiano, seja ele romântico ou de afinidades intelectuais, ou outra categoria qualquer. O que interessa, realmente, é o fato de decidir que é aquilo que quero presente no meu viver cotidiano, não um sonho, uma quimera, uma utopia, mas o de fato, o concreto. E isto se dá por nosso próprio desejo. Abrir mão de uma situação por outra, é decidir que você quer uma outra coisa no lugar daquela, é desejar e concretizar o desejo. De certa forma, acho que Simone nunca esteve disposta a viver este amor com Algren, pois já havia decidido, de antemão, que Sartre jamais sairia de sua vida.
    Na peça "Os Dados...", vale lembrar que Sartre, no seu texto, decide que ambos fracassariam no amor, amor que talvez ele mesmo não acreditasse, não enquanto filósofo, mas enquanto pessoa, enquanto existência. Creio também que Simone, exatamente por    vê-lo concretamente como impossível, em função da sua ligação com Sartre e da qual ela jamais abriria mão, ele se tornava para ela algo a ser buscado, alcançado, mas somente idealmente - como possibilidade de viver um sonho. Sua disposição para transformar esse amor numa escolha, escolha essa que surge como mares divididos entre um antes e um depois, nunca existiu, pois ela, provavelmente, iniciou seu laço amoroso com Algren já tendo a certeza de que jamais abriria mão de Sartre.
    Ao trecho da carta já citada de Simone, abaixo contraponho uma carta de Nelson Algren, extraída do livro “Todos os Homens são mortais” de Simone de Beauvoir:

“Acredito que conseguiremos, mas não será fácil. Nelson eu o amo, mas será que mereço seu amor, já que não lhe dou a minha vida? Eu tentei lhe explicar porque não posso dá-la. Você compreende? Não guarda ressentimentos? Não guardará nunca? Você acreditará sempre, apesar disso, que é realmente amor o que sinto por você? Talvez não devesse levantar estas questões, me faz mal exprimi-las tão brutalmente. Mas, mesmo assim, não posso evitar, é a mim mesma que coloco essas questões.." (Simone de Beauvoir)

"Podemos conservar sentimentos por alguém, mas não mais aceitar que eles comandem e transtornem toda a nossa existência. Amar uma mulher que não nos pertence, que faz com que as outras coisas e outras pessoas passem na nossa frente, sem nunca nos colocar em primeiro lugar, não é aceitável. Não lamento nenhum dos momentos que tivemos juntos. Mas desejo agora um outro tipo de vida, com uma mulher e uma casa minhas... A decepção que senti há três anos, quando comecei a perceber que sua vida pertencia a Paris e a Sartre, agora está velha e embaçada. O que tentei fazer depois foi retomar a minha vida de você. Tenho muito apreço pela minha vida, não me agrada que ela pertença a uma pessoa tão distante, alguém que vejo apenas algumas semanas por ano..." (Nelson Algren)

Quem foi Simone de Beauvoir? Sua essência de mulher romântica, devota e apaixonada ou sua existência enquanto intelectual engajada com as questões de sua época? Quem ela amava de fato? Sartre ou Algren? A análise de sua personalidade a partir das cartas revela uma espécie de contradição com os ideais que ela defendia ao lado de Sartre. No entanto, não se trata de uma resposta simples. 
Considerando os pressupostos do existencialismo, a “verdadeira” mulher era aquela que era revelada por sua existência concreta, cotidiana.  Essa imagem cotidiana era aquela que tínhamos conhecimento pela sua trajetória intelectual ao lado de Sartre.  O livro “Um amor transatlântico” é composto por 304 cartas enviadas pela escritora francesa entre 1947, ano em que foi apresentada ao colega americano Nelson Algren por uma amiga comum, até 1964, quando foi deixada por ele. Estas são testemunhas de uma intensa e duradoura paixão, ainda que platônica.
O romance emblemático “Os dados estão lançados” e sua fascinante narrativa de um casal que se apaixona no além-vida e tem 24 horas para viver esse amor, mas fracassa por conta das escolhas aparece para Simone como um fator que causa incômodo.  Incomodo porque ela se reconhece nessa estória.  Ela de alguma forma intuiu que aquilo dizia respeito a ela, quando expressou “É comovente e me faz pensar em você e em mim. Nós nos amamos através de lembranças e esperanças, através das distâncias e das cartas. Conseguiremos fazer deste amor um sentimento humano, vivo e feliz? É preciso.” Como diz a famosa expressão de Oscar Wilde “a vida imita a arte”, nossa personagem fracassou no amor impossível, mas foi bem sucedida no seu projeto de vida ao lado de Sartre.  Existir é igualmente, estar situado em um ponto do tempo e do espaço.  E o amor também é colocado à prova por essa mesma razão pelo existencialismo.

Cartas ao mundo 3.a parte

Será que o amor de Simone por Algren sobreviveria enquanto existência? Acho que não.
A relação de Simone com Sartre sempre foi e continua sendo, até pela comemoração do centenário de nascimento, objeto de discussão no meio literário e não deixou de chamar a atenção de alguns presentes no evento.  Teve um senhor que se levantou protestando enquanto Marina comentava essa primeira carta, “vocês não entendem nada, eles tinham uma relação aberta!” Indo embora enfurecido. É verdade que o casal existencialista vivia uma relação aberta e que as cartas chegam a mencionar uma amizade entre Sartre e Algren.  Tudo indica que Sartre sabia da relação de Simone com Algren, mas que isso não o afetava.  Uma senhora presente no evento chegou a recordar uma história engraçada contada na Academia Brasileira de Letras, sobre a visita de Sartre e Simone ao Brasil, quando foram recepcionados por Jorge Amado e Zélia Gatai.  A senhora dizia que enquanto os dois casais estavam hospedados num mesmo hotel, em apartamentos separados, mas próximos, era impossível dormir por conta do barulho e da algazarra que Sartre fazia com Simone por toda a madrugada, que deixava Jorge e Zélia espantados.  Ficava no ar se eles tinham uma vida sexual intensa ou sérias discussões que beiravam à agressão “entre quatro paredes”,

Enfim, chegamos num momento do debate onde já estávamos nos indagando se Simone e Sartre tinham ou não uma vida sexual (vejam só até onde viajamos!) Cheguei a ouvir um pouco atrás de mim uma expressão mais dura sobre os dois “um corno e uma piranha”.  Do meu ponto de vista, acho que Simone revelava diferentes formas de amar: com Algren, Simone compartilhava um amor do tipo “eros", mais relacionado à atração física e paixão. Com Sartre, o do tipo “estorge” (baseado na amizade e nos princípios).  Mas é fato que Simone dedicou a Sartre toda uma vida e sustentou uma reputação à sombra desse intelectual consagrado. (e eu me lembro bem de uma senhora que se levantou quase da última fileira para dizer isso, peitando a Marina Colasanti)

 A essa altura do campeonato, ficou claro pra mim que Marina Colasanti defendia a Simone que aparecia nas cartas.  Ela dizia algo do tipo “é um testemunho escrito” é preto no branco e a verdadeira mulher estava naquelas longas linhas de um amor repleto de ternas expressões de carinho e afeto.  Isso me incomodou, afinal de contas Simone sabia que vivia uma grande contradição, se questionava sobre isso e temia ser cobrada por Algren exatamente aí, segue mais um trecho

“Não quero mentir para você, dissimular o que quer que seja.  Se estou perturbada há dois meses, é porque uma dessas questões obceca meu coração e me faz sofrer: é justo dar uma parte de si, sem estar pronto para dar tudo? Posso amá-lo e dizer-lhe que o amo sem ter a intenção de lhe dar toda a minha vida, se você  a pedir? Você me odiará um dia? Nelson, meu amor, seria mais fácil para mim não levantar este problema, seria fácil porque você não o fez.(...)

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Vantagens de ser Vintage

Hoje acordei pontualmente às seis horas, liguei o rádio do banheiro e escutei, sem querer saber, a diferença entre retrô e vintage.. deveras muito interessante. Diferenças à parte eu prefiro ser clássico.. hehe.. na realidade são muito poucas as diferenças entre esses três. Retrô é quando você faz uma referência ao passado e vintage é quando você veste o passado! Mas como assim.. par example: adoro comer Mc batatinhas felizes quando compro o Mc Lanche só por causa do brinquedo.. eu diria sobre isso: " - ô meu vê se acorda cara, ou você não sabia que os brinquendos de Kung Fu Panda são para crianças maiores de 18 anos!". Voltando ao tema.. quis me referir à forma de comer batatas para tentar descrever a difícil e tênue diferença entre retrô e vintage, como quando você se esquece de lavar as mãos para para comer french fries: mas isso não é vintage nem retrô - isso é porcaria! Crássico então. Vamos lá! Há mais comparações: ouvir rádio assim que acorda é clássico.. ouvir Live and let die do Paul e achar que essa música pode te inspirar para o dia inteiro é vintage... chorar porque você não consegue dar um fim definitivo à sua vida tosca e frustrante é retrô. Verificamos então que esse jovem psicanalista não está regredindo àquelas fases primevas de tempos orais ao som de grandes tetas cheias de leite materno. Aliás um café com leite cairia muito bem agora.. bem, vamos ao outro caso: se você gosta da personagem de Don Juan, você é retrô.. se você age como Don Juanito, tú és clássico mas, se você pensa que é Don Juan, você só pode ser louco e deveras extremamente engraçado, no entanto isso é vintage.. porque hoje em dia, se Don Juan fosse mais que uma bela lêndia de piolhos, ele emprestaria seu único terno castor para que você dançasse muito que animado ao lado de uma belle de jour tricolor, de preferença ao som de Safety Dance do Men without hats.. aliás, faça da busca dessa canção algo em sua vida mais próximo do que é vintage: faça com que suas irmãs, tios, sobrinhos e até seu pai ache engraçado esta curiosa coreografia que afirma que para nós psicanalistas, achar o sujeito não é questão de achismo, como diria Pablo Picasso. Achar que este S de sujeito é muito importante, é a mesma coisa que você achar que anos de análise sem pagar irão funcionar... ou até que Riquinho Rich passe toda a sua fortuna para o terapeuta, até que o dinheiro para suas sessões sem sentido começem a fazer com que enriqueça, bem, é.. melhor mudar de assunto, não sei do que se trata.. vamos a um exemplo mais sexual então, mais apimentado por que não: se você fica nas preliminares, você é vintage.. se você a devora com os ólhucos, você é retrô.. mas se na hora H você dá aquela broxada você pode deixar a mulher com tanta raiva de você que esta irá começar a rir pra cacete dessa situação - exatamente porque ele não levantou - seria hilário.. hahaha.. e se a mulher se acha muito boazuda, você dirá: Bom, bom, bom, bom e não vai entender por que você riu dela, como se ela fosse uma comédia romântica muito mal feita.. só mais um, é pra acabar: se você vê que na telinha irá passar uma novela do passado sem ser no "Vale apena ver de novo", você é clássico.. se você assite a novela, você é retrô, se você quer ver os astros na TVE você é vintage.. mas se você utiliza todas essas desculpas para ouvir Roberta Flack cantando Zodiacs - você é mais do que feliz por ser vintage! O que deveras tem lá suas vantagens..